Jardim (sem) da vida.

Ali existia um jardim.

Um jardim estranho, mas bonito em sua diferença, a personificação da palavra exótica. Repleto dos mais variados tipos de flores e plantas, verde, azul, amarelo, vermelho, rosa, um calidoscópio cromático se estendia naquele chão.  Entre o colorido das rosas se erguiam cactos.
Todos os dias o garoto ia regar aquele jardim. Regava todas as plantas com a vida, o liquido mais puro existente na face do planeta, a água. Aquilo revitalizava as plantas. A água que lhe dava aquelas cores, vibrantes, atraentes, imponentes. Esse era o segredo do jardim. Porém, como em toda ocasião existe o oposto, para os cactos aquilo era veneno.
Cada vez que o garoto regava aqueles cactos, aqueles seres feitos para povoar o mais árido dos desertos, aquelas que, independente de qualquer coisa, feriam qualquer um que ousasse se aproximar, sem o mínimo remorso ou hesitação, quando o garoto jogava a água sobre aquelas plantas elas morriam. De forma lenta iam perdendo o verde e murchando. Enquanto as flores ao redor ficavam cada vez mais altas, deslumbrantes, coloridas, os cactos ganhavam um aspecto marrom e morto.
O garoto percebeu aquilo. Que idiota não perceberia um corpo morto e inchado flutuando em meio ao mar imaculado?
Ele foi até seu pai e perguntou por que os cactos morriam.

‘’ Eles morrem porque você os rega, ao contrário das outras plantas eles não foram feitos para isso. Algo tão impuro nunca vai se revitalizar com algo tão puro. Não vale apena cultivar cactos, filho. Todos nós sabemos disso. ‘’ 

Os cactos sempre tiveram medo de que o garoto chegasse naquela conclusão. 

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