Você Olha Por Mim

 Nunca tinha chegado a conclusão de que pessoas são como dados: entre valores de 1 a 6, quanto maior, mais buracos teriam na face. Também nunca tinha concluído que pessoas podem ser como edifícios: de 3 a 110 andares, quanto mais elevado se está, mais difícil é de se escapar de um incêndio. Ou até mesmo que parecem violões(por terem bocas enormes), ou televisões(por terem olhos enormes), ou salões(por serem tremendamente vazias);
Ou que parecem desodorantes(por taparem meus poros), canecas(por me encherem de leite e cerveja), caixas de mudança(por materializarem o desconforto);
Ou que parecem hacks, cabos, fones de ouvido;
Ou que são, não o sendo;
Que parecem tanta coisa.
Não sou.
Pois também pareço.

Mas quem repara? Há quem faça como eu. Há quem tire conclusões das aparências e me diga logo o que posso parecer, analisando indutivamente que sou como qualquer outro, que posso ser problema como qualquer outro. Que, sendo crítico, me farei de revoltoso;
Sendo indisciplinado, me farei terrorista;
Que sendo apaixonado, me veja amando;
Que sendo perdido, me veja feliz.

Existe aquele que atenta pro outro? Existe aquele que repara que:

Sou tão fácil de agradar;
Sou tão fácil de amar;

E que me diga:

Que não sou tão velho;
Que não sou caminho, e nem conheço nenhum;
Que eu consegui fazê-la ver;


E que me machuque:

Com raiva;
Com um sorriso no rosto;
Com os olhos fechados;
Orando, sentindo.

E que:

Pudéssemos ser:

Não deixando de parecer:

Arte.

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