Um surto patético

A quadra não existe,
mesmo porque o prédio não existe.
Tudo isso é inconcebível.
O físico só pode ser enxergado por meio da reflexão da luz,
não existe luz, logo não enxergo a existência.
Ouvi dizer que ainda sim posso esbarrar nela, se caminhar a esmo,
até o presente momento o esforço tem sido inútil.
Não tenho certeza nem mesmo de minha própria existência,
o que pode ser a inexistência além da escuridão, além do nada?

Alice existe, gritando em meus ouvidos,
sua voz corre pelo ar, me atingindo violentamente.

Então existo, já que sou atingido por ela.

Existo como um amontoado de sentimentos decompostos?
Sou um preço a se pagar? 
Não me reconheço,
ainda só existe o desconhecido.

Não sinto a vida fluindo,
minha consciência da respiração é irrelevante.
O sangue que a muito diluiu a droga parece estacado, gorduroso demais para fluir.







Mas, tudo aqui parece simples:
Eu
Alice
Escuridão
Desconhecido.

                                 









                                      Em um canto, dentro do que existe, vejo algo se decompondo:  
                                                              É roxo e fede a cachos
                                                                Mas nunca existiu.
              


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