Anatomia e Serventia
A orgia alienígena:
Voz - Cala
Acabe com isso pare de ignoraracabe com o teatrinho é simples pare de ser tão falso
você sabe o final da historia você já leu a ultima frase
pule no poço chegue no fim
abrace a lamina sua resistência é ridícula
você ainda é aquela criança
sacrilégio, o insulto você é uma blasfêmia
você já esta morto sabe disso é a unica verdade que sempre foi fixa
a unica imagem que não vai se deformar
eleve-se para a existência
Mãos - Rezam
Pare você esta sendo patético agarra-se ao que existeME
DIGA O QUE EXISTE
CRAVAREI AS UNHAS
ouça a própria a respiração concentre-se no som áspero
repouse a mão sobre o peito sinta o que bate
Isso não vai passar porque isso é você
A unica pena irrevogável é ser você mesmo é ser essa sensação
Pare de tremer abrace
A unica opção é viver com isso
Você precisa transformar
transforme-se seja leia, estude, ria, coexista
viva
Visão - Acostuma-se
No momento em que olha para o sofá, ele se torna obsceno.Deixa de ser sofá e se torna uma construção abstrata, enfadonha.
A superfície tem um tom amarelo, doentio e ondulante.
Parece ser feito de algo fluído, corrente.
A cor flui de dentro dos contornos borrados do que antes era uma mobiliá, tenta propagar-se para longe da própria existência, fugir de si mesmo.
Algo completamente alheio a ele, um ser agonizante, sem sentido.
Mas, ainda se sente ofendido por sua existência.
Seus olhos sobem para parede:
Ela imita os movimentos, tenta fugir do chão e do teto, se afasta, encolhe, ganha profundidade.
Parecia ser possível avançar e entrar nela.
FECHEM-SE
Audição - Impotente
Agora, de olhos fechados, ouve todos os sons a distancia.As crianças brincando na rua parecem falar, mas ele não distingui palavras.
Palavras são símbolos que exigem que o interlocutor e locutor conheçam o significado.
O que aqueles seres gritam fazem seus ouvidos doerem, como se ouvisse ferro raspar em ferro.
Seus olhos ardem e é obrigado a abri-los, enquanto tudo se torna úmido e embaçado.
Olhos - Cegam
Dois globos inchados, preenchidos por pus, desenhados por finas, linhas vestido de pele, remexem-se, presos as orbes. Ramificações vermelhas tomam conta, enquanto eles começam a secretar.Boca - Representa
Vomito.No que chamam de rosto, dois vermes vermelhos acasalam, em êxtase frenético, pulam para cima e para baixo, se colidindo, gemem guinchos irreconhecíveis, a língua de um povo, dentro do sonho de um morto.
Limpo.
Sente vontade de gritar,
mas, paradoxalmente, não sente desespero.
Tato - Queima
E LIBERTEM
eus membros parecem separados do tronco
E FAÇA SER
M
eu rosto derrete
Não habita o próprio corpo, e esse precisa gritar.
SAIA DA PELE
MINHA
Consciência - Constata
Eu não reconheço essa vozsaia de dentro de mim
suba pela minha garganta
e abra caminho para o mundo real
abra caminho para onde você não existe
Nada importa
porque estou preso na existência
é um bloco de concreto contra o cranio
Tudo dança, brinca, se torna um amontado de existência flácido e sem nenhuma significação ou uso.
Estar no meio de formas assim é natural.
Ele não conhece nada.
Mas, não sente mais desespero.
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