Conclusões Desconexas na Sala de Espera

Vivo no cômico presente, que já ausente, se renova.
Agonizo dentro do tempo fluído, único e sem memoria de um sonho,
aplaudindo e rindo da parodia que é a realidade.
Meu crânio infla, a pele descola, desnuda, treme, dança, exteriorizando seu interior rubro.
Os olhos queimam, sem ponto de ebulição, alheios a toda visão.
Me mantenho estático, enquanto meus membros se afastam, animados e desconexos.
Busco o sentido dos símbolos rabiscados, ajoelho diante de poemas antigos, em prece no ateísmo.

Me cubro no cinismo,
nas pálpebras semi abertas
nas ironias não entendidas.

Um sonho esquecido, um coma, no qual nunca adormeci.

Sento, fitando o retângulo socialmente aceitável.
Sendo completamente vazio, é inútil tentar impedir que os sons exteriores invadam meu interior, sou uma caixa de ressonância.

Ouço a historia sobre a velha na fila do mercado,
na voz de um deles,
sou a velha na fila do supermercado,
sou o caixa mal educado,
sou o filho desalmado,
sou o motorista sem horário.
Encarno todas as conversas alheias, sem pertencer realmente a nada.

Nada tem sentido pra um corpo sem vida.

Mastigo todos os vermes que se alimentam em minha boca, enquanto contemplo minha pele sob meu colo.



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